Beatriz Adeodato

tessituras entre fazer e saber
DANÇA COMO FORMA MATERIAL
DE PENSAMENTO:
Esse espaço virtual é dedicado à exposição do material audiovisual produzido pela pesquisa de doutorado de Beatriz Adeodato, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAC/UFBA), sob a orientação da Profa. Dra. Ivani Santana.
Intitulada “Dança como forma material de pensamento: tessituras entre fazer e saber”, tem como um dos seus principais interesses apreciar o “fazer”, o aspecto da prática nos processos de experimentação em dança. Com isso, a pesquisa se organizou a partir da imbricação entre teoria e prática, se estruturando em torno dos desdobramentos de duas experiências artístico pedagógicas desenvolvidas: “A Mata” e “A Malha”.

“A arte, em sua forma, une a mesma relação entre o agir e o sofrer, entre a energia de saída e a de entrada, que faz que uma experiência seja uma experiência”.
John Dewey

A Mata
“- Difícil de entender, me dizem, é a sua poesia, o senhor concorda?
- Para entender nós temos dois caminhos: o da
sensibilidade que é o entendimento do corpo; e o da
inteligência que é o entendimento do espírito.
Eu escrevo com o corpo
Poesia não é para compreender mas para incorporar
Entender é parede: procure ser uma árvore”.
Manoel de Barros
Em “A Mata”, o ponto de partida foi um estudo imersivo, em que imagens fotográficas de formas e elementos da natureza foram associadas a formas do corpo humano. Esse primeiro momento da experiência provocou um deslocamento perceptivo, que desencadeou um mergulho na investigação acerca da íntima relação entre imagem e esquema corporais, assim como, dos entrelaçamentos percepção-ação-criação. Num segundo momento, me senti mobilizada a voltar à mata, para testar algumas questões que se impuseram, entre as quais: como o meu corpo, afetado pelas primeiras imagens produzidas, e pelas camadas perceptivas a partir delas sintetizadas, iria imergir novamente na mata e dançar?
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Imagens disparadoras produzidas pelos estudantes
Da imersão na mata
Fotos: André Fernandes
2019
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A Malha
“If you hold a stone, hold it in your hand
If you feel the weight, you’ll never be late
To understand”.
Caetano Veloso
A malha foi, inicialmente, deflagrada por um estudo prático teórico do tecido conjuntivo, em que propus a lida com alguns materiais que possuíam características elásticas marcantes. Essa fase da experiência mobilizou o nosso sentir tátil cinestésico, elemento que desencadeou um diálogo com os trabalhos de Lygia Clark e William Forsythe. Algumas obras desses artistas criam contextos de imersão, com os quais, para interagirmos, é necessário recorrer a essa forma de inteligência.
Como desdobramento da experiência, senti a necessidade de ampliar a variedade de materiais explorados, assim como também, de diversificar suas possibilidades de exploração, já que cada material, com sua forma, textura, densidade, tensegridade específica, convidava a modos distintos de interação.
Ainda das experimentações
Fotos: André Fernandes
2019
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Estudos em processo
Imagens e edição: André Fernandes
Três materiais foram estudados em profundidade: o plástico-filme, o plástico-bolha e uma tela. As imagens a seguir são registros dos processos de experimentação desenvolvidos com cada um deles, em sessões de improvisação. Como regra organizativa, tínhamos a ideia de tocar e sentir; de sentir e saber, apreendendo a presença e as qualidades do material, através da sensibilidade tátil cinestésica, deixando-nos impregnar e mover com e a partir delas. O material assumiu um papel ativo, pois apontou caminhos para o estabelecimento de relações entre nossos corpos – e entre pontos do espaço – , constituindo-se elo de ligação, um tecido conectivo, propagador de forças e aproximador de pontos.
A partir dos registros videográficos das experimentações, pude relê-las, reelaborá-las e criar o roteiro das duas obras que se seguem.
Segunda Pele
Experimento 1 | Plástico filme
2020

Segunda Pele
Entretecida
Experimento 2 | Tela
2020
